segunda-feira, 6 de julho de 2009
A VIDA EM PINCELADA
A vida em pinceladas
Ricardo Gondim
Viver é assumir compromisso com o bem. Mas a força do bem nasce das ações, nunca das palavras. O discurso da moralidade tende a tornar-se a caverna onde hipócritas escondem suas mentiras; mentiras que iludem a eles próprios.
Os pecados que o beato domesticou se projetam nos outros feito maldições. Vícios dominados pelo fariseu condenam o próximo ao inferno. Só os perfeitamente puros acreditam conhecer as fronteiras da apostasia. Ao se verem como vigilantes da glória de Deus, são impelidos a guerrear contra tudo o que considerarem empecilho no avanço do Reino.
Os retos defendem o texto em detrimento da vida. Esquecem que o homem não foi feito para o sábado, mas o sábado para o homem. E assim, consideram o templo, a teologia, os argumentos doutrinários, as liturgias, os programas, tão sagrados que sacrificam vidas para preservá-los.
A doçura é poderosa, mas a cólera, fraca. A humildade agiganta e a soberba apequena. Só o amor envergonha a violência. Só ele suprime a agressividade. Os grandes amam e os insignificantes não se condoem com a dor alheia; não lhes agride o sofrimento dos indefesos.
A compaixão avizinha os humanos; o egoísmo distancia. Livres, apenas os que choram as lágrimas alheias. Bem aventurados os que oferecem o ombro para suavizar as cargas dos frágeis. Dignos os que perdoam as maldades desnecessárias. Virtuosos os que não enxergam a amabilidade como dever, mas, como privilégio. Simpatia é a virtude que não deixa a humanidade isolar-se da dor. Compadecer. Eis o verbo que mobiliza a solidariedade.
Amar é recuo, recusa de dominar. Ternura não nasce como índole,mas é desenvolvida. Só os afetos salvam da animalização. “A humanidade não inventa a doçura. Mas a cultiva, mas se alimenta dela, e é isso que torna a humanidade mais humana” (Sponville). Depois que se põe o bem em movimento “é terrivelmente difícil erradicá-lo” (C.S. Lewis). O céu entende o inferno, mas o inferno não o compreende. Isso explica porque os filhos de Deus são misericordiosos e os ímpios, intolerantes.
O egoísmo cega. A soberba arruína. A vaidade entorpece. Infelicidade não se resume à carência. Desgraça e abundância também dão as mãos. Complacência ensurdece para o clamor do pobre.
A vida também acontece nos hiatos da espera. Onde se acha a eternidade senão no presente? O infinito não repousa no futuro. O infinito está no sentido que damos ao instante. A vida se eterniza na brecha que separa o que já foi do que ainda vem.
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Um comentário:
Olá Telma
Muito bom receber sua visita!!!
Apareça sempre!!!
Bj
Nilda
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